Santa Beatriz de Nazaré
“Às
vezes (a alma) tem outro modo de amor,
Em
que empreende a tarefa de servir
A
Nosso Senhor de maneira totalmente gratuita
Só
com amor, sem um porquê.”[1]
Síntese
biográfica
Beatriz de Nazaré, monja cisterciense cuja
vida conhecemos por um capelão do mosteiro de Nazaré, no século XIII, que
escreveu em latim a vida da priora Beatriz.
Ele não chegou a
conhecê-la, mas para esta biografia, se serviu de seus escritos em holandês que
ela mesma escreveu: o Livro da vida, que era um diário seu e recolhe os 20 anos
anteriores a sua estrada no mosteiro de Nazaré; são notas que escreveu sendo já
priora e seu tratado místico chamado “os sete modos de Amor”. Até nós chegou
somente seu tratado. O anônimo capelão se serviu também para escrever a
biografia dos dados comunicados pelas monjas que a conheceram, fundamentalmente
das recordações da irmã de Beatriz, Cristina, a qual lhe sucedeu como priora.
Beatriz nasceu ao redor
do ano 1200 em Tirlemont (Thienen), a uns vinte quilômetros de Louvaine, na
diocese de Liége.[2]
Deve ter sido a sexta
filha proveniente de uma família burguesa. Sua mãe, Gertrudes, se caracterizou
por sua irrepreensível piedade e caridade; seu pai, Bartolomeu, ao morrer sua
mulher, acompanhou suas filhas Beatriz, Cristina e Sibila aos mosteiros que ele
mesmo ajudou a fundar. Um irmão de Beatriz, como irmão converso, seguiu as
observâncias cistercienses e outros dois ingressaram em ordens religiosas.
[1] Beatriz de Nazaret, Los siete modos
de amor. II modo, Barcelona 1999, p. 287.
[2]
N.do T. Atualmente na Bélgica.
Ao princípio, a mãe de
Beatriz a instruiu pessoalmente, e Beatriz demonstrou sua capacidade para o
estudo e a aprendizagem, pois já com cinco anos era capaz de recitar
integralmente o saltério de Davi. Aos sete anos, ao morrer sua mãe, seu pai a
envia a escola das beguinas de Leau[1] para
que estas lhe ensinassem as virtudes e ao mesmo tempo freqüentava uma escola
mista da mesma cidade de Zoutleeuw, onde aprendeu as artes liberais. Permaneceu
nela um ano, mas não chegou a acabar os estudos de artes liberais que
compreendiam gramática, retórica e dialética.
Aos dez anos ingressa
como oblata no mosteiro de Bloemendaal ou Florival, que havia passado a ser
cisterciense em torno do ano 1210 e onde seu pai era o administrador. Ali
continuou o Trivium y el quadrivium que consistia em música, aritmética,
geometria e astronomia.
Aos quinze anos, inicia
seu noviciado em Florival e um ano mais tarde professou. Pouco depois de
professar foi enviada ao mosteiro cisterciense de la Ramée onde aprendeu a arte
da caligrafia e das iluminuras. Neste
mosteiro conheceu Ida de Nivelles, mais velha que ela e com quem esteve unida
por grande amizade. Ida estava muito avançada em temas místicos e espirituais.
Em janeiro de 1217, sendo condutora Ida, Beatriz teve sua primeira experiência
mística. Logo depois, regressou a Florival e todas as irmãs comprovaram seu
grande progresso espiritual.
Neste período o pai de
Beatriz ingressa como leigo em Bloemendaal e seu irmão Wickbert ingressa também
como converso; suas irmãs Cristina e Sibila entraram na mesma comunidade em
1215. Quando Bloemendaal funda Maagdendaal, perto de Tienen, o pai de Beatriz e
os irmãos desta são enviados para aí em 1221. Neste mosteiro Beatriz realiza
sua profissão solene e é consagrada virgem pelo Bispo.
Em 1235, Maagdendaal decide
fazer a fundação de Nazaré. Em 1236, se
translada a este novo mosteiro e exerce a função de mestra de noviças durante
dois anos; mais tarde, é eleita como priora. Até o fim de sua vida escreve
seu célebre tratado “Seven Manieren van Minne” (Os sete modos de Amor). Em1267,
fica gravemente enferma e em 29 de agosto de 1268 “regressou ao Pai”[2].
Ao ler sua vida e
escritos, cada um “fica comovido pela perspicácia de sua mente, a profundidade
e o ternura de seu coração, a impetuosidade de seu desejo, não somente de estar
com Deus, senão em converter-se no que Deus quisera que fosse. O dinamismo de toda
sua vida não se desenvolve ao redor do eu-e-Deus, senão do Deus-e-eu. Deus foi
e permaneceu sua fonte e sua mete, e quando faleceu encerrou-se o círculo
inteiro” [3]
História de uma alma:
Vida e doutrina espiritual de Beatriz
[1] As
beguinas eram uma associação de mulheres cristãs, contemplativas e ativas, que
dedicaram sua vida, tanto na defesa dos desamparados, enfermos, mulheres,
crianças e anciãos, como em um brilhante labor intelectual. Organizavam a ajuda
aos pobres e aos enfermos nos hospitais, ou aos leprosos. Trabalhavam para se
manter e eram livres de deixar a associação a qualquer momento para se casar.
[2] Jo
13,1.
[3] R.
De ganck, Currículum Vitae de Beatriz, Cistecium 219 (2000) 417-418.
O relato da vida de
Beatriz é mais uma radiografia espiritual que a simples constatação de fatos
externos. Entretanto, o sacerdote biógrafo não crê ter muita perícia neste
gênero, isto é, na “vida dos santos”, e assim aponta em seu prólogo: “ Apesar
de ter lido distintos triunfos de santos, descritos em narração histórica por
outros, todavia não alcancei o uso da necessária eloqüência...”.
“Não te assombres, ó
leitor! Talvez, no avançar da narração, te encontres com algo que não venha ao
caso e percebas que estou obrigado ao esforço de escrever, somente pelo
preceito da caridade... Se alguém me desafia para que dê fé sobre os fatos que
vou narrar, ou se algum curioso me solicite um testemunho de autenticidade,
justamente respondo com toda simplicidade que sou somente o tradutor dessa obra
e não o autor[1].”
O capelão de confessor de Nazaré quer
demonstrar a santidade de Beatriz.
“Podemos nos aproximar
dela tentando ao menos descobri-la em quatro aspectos fundamentais de sua vida:
em primeiro lugar, a adequação de Beatriz ao contexto da espiritualidade da
primeira metade do século XIII e as novas formas de espiritualidade feminina;
em segundo, sua amizade com Ida de Nivelles e o caminho mistagógico que ela a
introduz; em terceiro, suas experiências visionárias; e finalmente, sua mística
do amor”[2].
Beatriz
foi monja cisterciense que vivia a espiritualidade de Cister e as formas que
esta adquire no Norte da Europa; entretanto, foi uma monja extraordinariamente
mortificada, as penitências constituem uma ruptura com o marco psíquico e o
ambiente de um convento cisterciense, por mais que seu marco fosse estritamente
ascético. Tais penitências têm como motivação a consciência do pecado, isto é,
de ser absolutamente incapaz de se unir a Deus, o Ser perfeitamente bom, por
suas próprias forças.
O
desejo é o motor desta atitude é fervente, urgente... “A mística sente a
atração de Deus, e daqui uma aspiração veemente a seguir a Cristo e estar unida
a Deus, uma tensão quase insustentável da vontade, trata-se de mortificações ou
de uma aplicação escrupulosa a se impor exercícios de piedade ou imitar as
virtudes de outras religiosas”[3]
Este desejo tão intenso
que se expressa nestes termos entre outros: languidez frenética, delírio, paixão paralisante, inundação, furação,
ebulição. E, com estas emoções, seu espírito conclui sendo mais puro e mais
forte.
Beatriz exagerou suas penitências e nisso comprovamos o
grande amor que a arrastava a se identificar com o Amado de sua alma. Chegava à
flagelação dos pés e do peito com espinhos, utilizava cilícios de corda cheios
de nós que cobria todo seu corpo, na capa espalhava folhas ponte agudas ou dormia sobre o chão e, às vezes, como almofada usava uma pedra.
[1] Vida
de Beatriz de Nazaret. Prólogo 2-4, Cistercium
219 (2000) 473-474.
[2] V. Cirlot, b. garí, La mirada
interior. Escritoras místicas y visionarias en la Edad Media, Barcelona 1999,
p. 113-114.
[3] Georgette epiney-burgard, emilie
zum brunn, Mujeres trovadoras de Dios. Una tradición silenciada de la Europa
medieval, Barcelona 1998, p. 106-107.
Busca
descobrir o desígnio de Deus e, portanto luta para chegar ao conhecimento de
si, onde advertimos a influência de São Bernardo e de Guilherme de
Saint-Thierry.
Ela,
sabe que a natureza humana está ferida pelo pecado, mas ao mesmo tempo,
descobre todos os dons de que foi coberta sua alma, criada a imagem e
semelhança de Deus, e portanto, se dedica a reparar os efeitos do pecado em si
mesma e retornar a pureza original em que a alma foi criada.
Depois deste período,
chega a um estado de grande secura e de provas passivas durante uns três anos.
“Estas provas se prolongarão ao largo da vida de Beatriz. Entretanto, há uma
mudança importante e inclusive capital em sua vida espiritual. Já em uma etapa
anterior havia pressentido que presumia de suas próprias forças e que devia
deixar que Deus agisse nela”[1]
Em
sua vida espiritual, Beatriz se ocupou do estudo da Santíssima Trindade e para
isso manejava cópias de livros sobre este tema, e isso nos mostra “a
acessibilidade nos mosteiros cistercienses de obras de conteúdo teológico e
recorda ao mesmo tempo o útil ofício de copista aprendido em la Ramée”[2]
O
meditar a Paixão e o Mistério da Trindade, a leva a aceitar tudo aquilo que o
Senhor lhe pede, despojando-se de sua própria vontade.
Existem duas visões trinitárias que a guiam até este despojamento de si mesma e
a aderir à vontade divina. Em torno do ano 1232 vê a Deus como fonte de um
grande rio do qual fluem outros rios e riachos; o grande rio é o Filho de Deus,
Jesus, os outros rios são os estigmas de Cristo e riachos, os dons do Espírito
Santo.
“Compreende então os
juízos de Deus, a processão das Pessoas no seio da Trindade e da essência
divina. Há nela uma profunda comoção interior e toma consciência das dimensões
universais da caridade: ali onde buscava a perfeição mediante a ascese e os
exercícios de piedade, percebe que fazer a vontade de Deus é se ocupar do
próximo, tanto mediante cuidados materiais como espirituais.”[3]
No final, a união
transformadora que faz com que sua vontade se identifique e se conforme a
vontade de Deus e descobre a paz interior. Se cria um equilíbrio entre o
espírito em paz e corpo sofredor, equilíbrio já existente e percebido pelos
cistercienses do século XII, especialmente Guilherme de Saint-Thierry em sua
obra: “Da natureza e da dignidade do amor”.
Começa a chamada vida
pública de Beatriz, dedicando-se a caridade dirigida tanto a suas irmãs de
comunidade como a todo tipo de pessoas. Também vão vê-la as almas atormentadas
e pecadores com quem Beatriz utiliza a oração para que sejam libertados do
pecado.
Em Beatriz se centram,
sua inteligência intuitiva que a permite penetrar em parte ao conhecimento dos
Mistérios de Deus e o amor fruitivo que experimenta, assimila os dons
recebidos; e toda esta experiência conduz a caridade ativa.
Outro aspecto de
Beatriz são suas visões, a liturgia meditada se transforma em experiência,
todas as visões de Beatriz vão unidas a liturgia.
No elemento visual, as
imagens são muito estereotipadas, mas sente-se a presença de Deus que passa por
seu corpo, que a enche com o fogo de Seu Amor, sente atrair seu coração e a
enche com o Sangue de suas Chagas. O gosto como sentido espiritual lhe faz
“sentir” a doçura do amor divino. Também o elemento auditivo é importante, pois
escuta a Deus que lhe fala.
Ida de Nivelles,
conselheira e diretora espiritual de Beatriz e quem a introduz no mundo da
mística e das visões. A primeira visão ocorreu quando Beatriz, após uns meses
ao lado da mestra Ida, lhe pediu que rogasse a Deus que lhe concedesse
especiais graças. Ida, então, lhe disse que se preparasse para o dia da
Natividade do Senhor, entretanto, não foi até os primeiro dias de janeiro
quando Beatriz tem sua primeira experiência mística, enquanto está no coro
cantando as Completas. Sentada durante a salmodia viu-se arrebatada em êxtase
mas não corporalmente senão intelectualmente e viu com os olhos da mente a
Santíssima Trindade.
No segundo livro de sua
Vida, aumentam estas experiências que vão se centrando na união mística; a mais
significativa foi a ocorrida em Maagdendaal no ano 1232, onde Beatriz vê o
Senhor que aproxima dela e atravessa sua alma com uma lança ardente. Existe o
simbolismo entre a lança que penetrou o Lado de Cristo em sua Paixão, a lança
que penetra a alma de Beatriz e que lhe anuncia a união amorosa com o Amado,
esposa eleita dos Cânticos.
No terceiro livro da
Vida aparecem mais visões mas com um conteúdo mais didático e talvez mais
elaborado pelo escriba e isto se deve e quando o capelão de Nazaré se ocupa da
etapa da vida de Beatriz quando já é priora, não tem um diário onde se apoiar
para narrar suas experiências místicas e
se baseia em notas tardias e informações das monjas.
“Em
Nazaré, onde por mais de trinta anos servira a comunidade como mestra de
noviças e segunda superiora, desde o mês de julho de 1231 até 1268, ano de sua
morte, lhe foi concedido o tempo de amar. Aqui Beatriz
repensará toda sua vida. Poderá expressar, de maneira magistral, sua própria
síntese, regalando-nos esse admirável canto lírico de amor místico, como
belamente o definiu o Padre Mikkers seu pequeno tratado das sete maneiras do
santo amor de Deus.
Morre em 29 de agosto
de 1268 e foi sepultada no claustro, entre o capítulo e a Igreja; o que então
indicava a beatificação.[4]
Os
sete modos de Amor
Um tratado místico, escrito em prosa lírica em
holandês em torno de 1250, é a única obra original que possuímos de Beatriz.
Nesse tratado se descreve a ascensão da alma, pelo amor,à união com Deus.
Os sete modos de Amor,
como é chamado este tratado, é o compêndio da vida de Beatriz. Ela lê toda sua
vida à luz do amor de Deus e a reconhece nesta palavra, minne[5].
Minne leva em si, a realidade divina, e a experiência humana. “O amor de Deus –
de quem Beatriz fala – é seu amor por Deus, no qual, paradoxalmente, Deus mesmo
se dá a conhecer. Fazer isto evidente sete vezes é sua finalidade e sua tarefa”[6].
Observamos nesta obra a
convergência de duas correntes espirituais: a mística da união com Deus
manifesto (Verbo Encarnado) e a mística do Ser. “O amor é nela tensão do
desejo, sede de estar unida a Deus sem que, entretanto, seja explicitamente
busca da superação de todo o criado, que implicaria retorno a seu ser original
no seio do abismo divino. Para Beatriz, como por outra parte, para as beguinas
contemporâneas, não existe contradição entre a adoração da Trindade, a união
com Cristo Esposo, e esta tendência a superação”[7]
Primeiro modo: Comunica-nos
a vivência da pureza, nobreza e liberdade da alma criada a imagem e semelhança
de Deus, onde aparece o ardente desejo de amar e seguir ao Senhor, desejo total
de vida com Cristo. Para isso é necessário o autoconhecimento de si mesma e de
seu coração, autoconhecimento que está em perfeita concordância com a idéia da
origem cisterciense, da concentração da espiritualidade do coração, seja de
Cristo, seja dos homens.
É neste
autoconhecimento onde Beatriz pode chegar a se assemelhar ao amor, pois
“examina o que ela é, o que ela deve ser, o que tem, o que falta a seu desejo”[8].
Só o amor conduz a alma à nobreza que Deus lhe oferece, porque só o amor nos
motiva para caminhar até a plenitude da semelhança.
Segundo modo: Sobre “o
amor sem porque”, isto é, sobre a gratuidade do amor. Beatriz utiliza a
linguagem do “amor cortês”, explicando-nos que a dama quer servir seu senhor
tendo como única recompensa, devolver amor ao Amor, amando-o sem medida, tal e
como vemos em São Bernardo de Claraval, em seu tratado “De diligendo Deo”.
Aqui, se encontram sete
vezes os termos servir e serviço, é imagem do amor que se perde totalmente a si
mesmo para o Amado e nos oferece o retrato da verdadeira humanidade revelada
pelo Evangelho: “O abandono na fé se faz serviço no mais íntimo ser do homem”[9].
Terceiro modo: Se
refere ao sofrimento que provoca a alma o não poder servir a Seu Senhor, já
perfeitamente, pois isto supera a capacidade humana. A exigência da totalidade
no amor se torna obsessiva e é por essa razão que aparece a dor de não poder
servir o amor segundo as exigências ilimitadas do verdadeiro amor.
Segundo A. M. Haas: “Em
apenas duas frases, o tema da necessário morte em vida e da experiência mística
do exílio, isto é, do inferno, aparece aqui perfeitamente formulado[10]”
Quarto modo: Neste modo
é Deus quem toma a iniciativa, é uma experiência mística passiva onde a alma
fica totalmente conquistada por Deus, até que não é mais que amor. “Ser amor”
traduz a plenitude da imagem-semelhança; a plenitude da semelhança no amor é
plenitude de pertença.
Quinto modo: É o
reverso do quarto modo. Constitui a tormenta ou fúria do amor que afeta o corpo
e a alma. O amor fere o coração lhe atravessando com uma flecha. A doçura do
amor provoca na alma um ardente desejo de devolver amor por amor. A impotência
para satisfazer o amor suscita em Beatriz grandes males. Esta “ira de amor”
(orewoet) indica as dores que já pré-anuncia a experiência das grandes
delícias.
Sexto modo: O amor se
converte em dono de sua pessoa e isto mesmo a torna livre de si mesma. A
liberdade é fruto do amor sobre seus obstáculos interiores, liberdade que a
conduz a um domínio sobre sua vontade que faz que o exercício da caridade já
não lhe custe.
Vida de céu já iniciada
nesta terra que Beatriz pede para todos nós e que São Bento também promete a
todo aquele que subiu os graus da humildade: “Tendo, por conseguinte, subido
todos esses degraus da humildade, o monge atingirá logo, aquela caridade de
Deus, que, quando perfeita, afasta o temor; por meio dela tudo o que observava
antes não sem medo começará a realizar sem nenhum labor, como que naturalmente,
pelo costume, não mais por temor do inferno, mas por amor de Cristo, pelo
próprio costume bom e pela deleitação das virtudes.Eis o que, no seu operário,
já purificado dos vícios e pecados, se dignará o Senhor manifestar por meio do
Espírito Santo.” (R.B. 7, 67-70)[11].
Sétimo modo: É o “Amor
sublime”; constitui a experiência de Deus que se expressa acima do humano e do
tempo. É um desejo ardente, anelo, uma ânsia de viver com Cristo. A alma deseja
ser liberada deste exílio, pois não achará consolo senão no país onde repousa o
Amor, não achará repouso senão n´Ele, o Esposo.
Depois de tanto buscar
o Amor, será recebida pelo Bem-Amado e já não será mais “que um só espírito com
Ele”[12].
A última palavra é uma só: o amor, a minne.
Nos sete modos de Amor
se contempla uma hierarquia entre os diferentes graus da experiência do amor,
ainda que psicologicamente possam dar-se mesclados, sem distinção entre eles.
Mas para o biógrafo de Beatriz, os sete modos de Amor são a manifestação, a
expressão da vida de Beatriz que realiza em sinais externos a experiência mística, pois para ele, a santificação
feminina no e através do corpo da mulher.
Autora: Hna. Marina
Medina / Monasterio Cisterciense de la Santa Cruz – Espanha. Em:
http://caminocisterciense.blogspot.com.br/2011/03/beatriz-de-nazaret.html
Tradução para a Abadia
das Monjas Cistercienses de Campo Grande, MS:
José Eduardo Câmara de Barros Carne
[1] Georgette epiney-burgard, emilie
zum brunn, Mujeres trovadoras de Dios. Una tradición silenciada de la Europa
medieval, Barcelona 1998, p. 109.
[2] V. Cirlot, b. garí, La Mirada
interior. Escritoras místicas y visionarias en la Edad Media, Barcelona 1999,
p. 118-119.
[3] Georgette epiney-burgard, emilie
zum brunn, Mujeres trovadoras de Dios. Una tradición silenciada de la Europa
medieval, Barcelona 1998, p. 110.
[4] Liliana
Schiano Moriello, Beatriz de Nazaret (1200-1268). Su persona, su obra,
Cistercium 219 (2000) 440-441.
[5] Minne
(femenino), é originariamente o pensamento ( vivo em alguém) da pessoa amada.
[6] Liliana Schiano Moriello, Beatriz
de Nazaret (1200-1268). Su persona, su obra, Cistercium 219 (2000) 442.
[7] Georgette epiney-burgard, emilie
zum brunn, Mujeres trovadoras de Dios. Una tradición silenciada de la Europa
medieval, Barcelona 1998, p. 119.
[8] V. Cirlot, b. garí, La Mirada
interior. Escritoras místicas y visionarias en la Edad Media, Barcelona 1999,
p. 286.
[9] Liliana Schiano Moriello, Beatriz
de Nazaret (1200-1268). Su persona, su obra, Cistercium 219 (2000), p. 636.
[10] V. Cirlot, b. garí, La Mirada
interior. Escritoras místicas y visionarias en la Edad Media, Barcelona 1999,
p. 128.
[11]
N.do T. Tradução da Regra de São Bento de Dom João Evangelista Enout, OSB. Em: http://www.osb.org.br/regra.html
[12] 1
Cor 6, 17.
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